terça-feira, 1 de julho de 2014

Um velho futuro

Fim do mundo, vírus mortal, pandemia generalizada, sobreviventes alucinados querendo permanecer vivos, muitos miolos estourados, a humanidade quase inteira dizimada. Uma paisagem de desolação, cidades esvaziadas, cadáveres por toda parte. Tudo o que um NERD mais adora! E, para dar um toque ainda mais especial à coisa toda, diante de uma catástrofe gigantesca, o mundo acaba ganhando contornos de uma realidade futurista e medieval – ao mesmo tempo! Sitala é o nome deste conto seriado, cuja mistura de elementos passados e futuros é a cereja do bolo.  Escrito por Fernando “Tucano” Russell, traz ilustrações de Brunner Franklin.

Sintala - parte III

Narrado em primeira pessoa, este conto possui muitas similaridades com histórias conhecidas – filmes como “12 Macacos”, “Resident Evil”, “Eu sou a Lenda” e tantos outros –, que exploram a temática futurista apocalíptica. Com seu estilo coloquial de escrita, é um texto leve e informal, cujo narrador-personagem exprime uma visão pessimista e particularizada do mundo em que se passa a história, recheando a narrativa com suas críticas, reflexões, seus pontos de vista, suas opiniões, expressando medos e emoções – o que se torna uma ferramenta interessante de identificação com a audiência do conto, ao participar do universo emocional do personagem (e não apenas ser observador de uma aventura).
            
A temática de Sitala não é nada incomum. Pelo contrário. Há uma extensa produção na indústria cultural que imagina um futuro apocalíptico para a humanidade, quer fruto da intensa intervenção humana no meio ambiente, quer diante de uma rebelião de máquinas, quer devido à ameaça de um vírus letal espalhado pelo mundo em alguma guerra biológica ou apenas sendo propagado pelo ar. No caso de Sitala, o “apocalipse” acontece devido à última razão: a propagação de uma mutação do vírus da varíola. Assim, grande parte da humanidade é dizimada, as pessoas se tornam “lobo” umas das outras e a vida se transforma em um verdadeiro inferno, uma luta por sobreviver em meio ao caos.



            
Devido a tudo isso, esta série esbarrou, logo em seu lançamento, no perigo de cair no clichê, no senso comum. Isto porque, apesar de serem um prato cheio para a industrial cultural, tanto editorial quanto cinematográfica, as histórias com este tema acabam por se repetir demasiadamente. E isso irrita a audiência, que sempre espera algo surpreendente e arrebatador. Por se tratar de um “web conto”, a pressão ainda é maior, porque os leitores mandam seus comentários assim que o conto é publicado, sem perdoar o escritor, caso ele aparente estar “copiando” algum enredo já existente. Apesar de receptivos a fanfics, os leitores rejeitam clichês ou ideias copiadas, porque esperam originalidade, sobretudo de um escritor nerd. Assim, Sitala aparece como um alvo fácil de críticas. Ao mesmo tempo, devido à sua leveza e coloquialidade, também desperta o apreço por parte dos seus leitores.


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