Fim do mundo, vírus mortal,
pandemia generalizada, sobreviventes alucinados querendo permanecer vivos,
muitos miolos estourados, a humanidade quase inteira dizimada. Uma paisagem de
desolação, cidades esvaziadas, cadáveres por toda parte. Tudo o que um NERD
mais adora! E, para dar um toque ainda mais especial à coisa toda, diante de
uma catástrofe gigantesca, o mundo acaba ganhando contornos de uma realidade
futurista e medieval – ao mesmo tempo! Sitala é o nome deste conto seriado,
cuja mistura de elementos passados e futuros é a cereja do bolo. Escrito por Fernando “Tucano” Russell, traz
ilustrações de Brunner Franklin.
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Sintala - parte III |
Narrado
em primeira pessoa, este conto possui muitas similaridades com histórias
conhecidas – filmes como “12 Macacos”, “Resident Evil”, “Eu sou a Lenda” e
tantos outros –, que exploram a temática futurista apocalíptica. Com seu estilo
coloquial de escrita, é um texto leve e informal, cujo narrador-personagem
exprime uma visão pessimista e particularizada do mundo em que se passa a
história, recheando a narrativa com suas críticas, reflexões, seus pontos de
vista, suas opiniões, expressando medos e emoções – o que se torna uma
ferramenta interessante de identificação com a audiência do conto, ao
participar do universo emocional do personagem (e não apenas ser observador de
uma aventura).
A
temática de Sitala não é nada incomum. Pelo contrário. Há uma extensa produção
na indústria cultural que imagina um futuro apocalíptico para a humanidade,
quer fruto da intensa intervenção humana no meio ambiente, quer diante de uma
rebelião de máquinas, quer devido à ameaça de um vírus letal espalhado pelo
mundo em alguma guerra biológica ou apenas sendo propagado pelo ar. No caso de
Sitala, o “apocalipse” acontece devido à última razão: a propagação de uma
mutação do vírus da varíola. Assim, grande parte da humanidade é dizimada, as
pessoas se tornam “lobo” umas das outras e a vida se transforma em um
verdadeiro inferno, uma luta por sobreviver em meio ao caos.
Devido
a tudo isso, esta série esbarrou, logo em seu lançamento, no perigo de cair no
clichê, no senso comum. Isto porque, apesar de serem um prato cheio para a
industrial cultural, tanto editorial quanto cinematográfica, as histórias com
este tema acabam por se repetir demasiadamente. E isso irrita a audiência, que
sempre espera algo surpreendente e arrebatador. Por se tratar de um “web
conto”, a pressão ainda é maior, porque os leitores mandam seus comentários
assim que o conto é publicado, sem perdoar o escritor, caso ele aparente estar
“copiando” algum enredo já existente. Apesar de receptivos a fanfics, os
leitores rejeitam clichês ou ideias copiadas, porque esperam originalidade,
sobretudo de um escritor nerd. Assim, Sitala aparece como um alvo fácil
de críticas. Ao mesmo tempo, devido à sua leveza e coloquialidade, também
desperta o apreço por parte dos seus leitores.
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